Agrotóxicos: Vilão ou mocinho?
- Marcelo Luz
- 6 de set. de 2019
- 3 min de leitura

Nunca se falou tanto em agrotóxicos como nos tempos atuais, tendo como ponto de partida os novos registros destes produtos, o uso crescente de pesticidas costuma dividir opiniões acerca de níveis de toxicidades e crescimento de produção no agronegócio. Contudo se sabe que o uso de pesticidas é a principal estratégia no campo para combater pragas agrícolas, garantindo alimentos suficientes e de qualidade, porém são potencialmente tóxicos aos humanos, a legislação brasileira prevê estudos de avaliação de risco no processo de registro e limites máximos de resíduos, além de definir prioridades com programa PARA (Programa de Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos- ANVISA).
No ano de 2007 a ANVISA publicou um boletim técnico dizendo “Resíduos de agrotóxicos podem permanecer nos alimentos mesmo depois de lavados e preparados e provocar inúmeras doenças que muitas vezes demoram para se manifestar” (Agência Nacional de Vigilância Sanitária, 2007). Estas questões ligadas a segurança alimentar, aumento da produção do agronegócio, colocando o Brasil em uma posição privilegiada no ranking mundial, não deixa de dividir opiniões quanto o uso e risco toxicológicos que a população está exposta a estes produtos.
“Agrotóxicos são potencialmente carcinogênicos” e muitas pesquisas feitas neste sentido foram publicadas anteriormente, o estudo de citotoxicidade deve ser prioridade de órgãos governamentais e por isso acredita-se que seja muito importante para avaliar riscos eminente à saúde pública.
Um herbicida muito usado em todo o mundo sempre está entre os mais populares e famosos o glifosato, inclusive com potencial carcinogênico, uma recente pesquisa demonstrou o inverso do que se sabia sobre o princípio ativo. Os dados obtidos demonstraram que o comportamento em células humanas o ingrediente ativo declarado sal de glifosato isopropilamina têm efeito inibitório significativo na proliferação celular, o ingrediente ativo declarado não possui toxicidade significativa, o estudo ainda demonstra que o efeito tóxico do glifosato se deve principalmente ao uso de formulastes. Outro estudo revela que há falta de dados de toxicidade empírica adequados para as formulações em produtos comercializados.
Ainda aponta os efeitos citotóxicos mais fortes e alteração da atividade da desidrogenase mitocondrial nos tratamentos com produtos formulados em comparação aos efeitos causados pela molécula técnica apesentando baixa citotoxidade.
A regulamentação sobre pesticidas na União Europeia ( Regulamento (CE) n.º 1107/2009 ) exige que a interação entre a substância ativa e os formulantes seja levada em consideração na avaliação e autorização de pesticidas, o Brasil ainda não prevê uma legislação que estude os efeitos tóxicos dos formulantes em produtos comercializados. Os dados de toxicidade dos formulantes são geralmente escassos, frequentemente limitados aponta ainda o estudo.

O outro lado da moeda é bastante preocupante principalmente quando envolve risco de espécies que possuem um papel importantíssimo na produção de alimentos, as abelhas como o principal polinizador em paisagens agrícolas. É importante entender a magnitude da incidência de pesticidas em apicultores e frequentes mortes das abelhas polinizadoras, um estudo apontou resíduos de diversos produtos químicos em apiários na Espanha entre eles inseticidas, fungicidas e herbicidas.
O risco de agrotóxicos foi avaliado não apenas nas abelhas mortas quando a mortalidade aguda ocorreu, mas também periodicamente nas abelhas vivas. Cinco amostras dos apiários, localizadas em paisagens agrícolas, continham mais de oito resíduos de pesticidas diferentes simultaneamente. Os níveis detectados desse composto e sua alta toxicidade para as abelhas foram responsáveis pelo aumento da mortalidade. Pensando no termo saúde única onde contempla: saúde humana, animal e do meio ambiente reforço a ideia de novas medidas de pesquisas para avaliar os riscos possíveis garantindo assim um ponto de equilíbrio entre segurança alimentar, saúde unica e avanço econômico.

Marcelo Luz Santos
Biomédico.
Mestrando Sanidade, Segurança Alimentar e Ambiental no Agronegócio.
Instituto Biológico – São Paulo
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